terça-feira, 25 de agosto de 2009

A verdade do Boi Rosado

Como todo encontro do boi rosado, que já tive o prazer de participar, a festa restava nas cores. Miscelâneas coloridas, em saiotes de chita, sempre dão o tom da mais agigantada verdade do boi; de sua defesa em presença de rei, na cidade de pedra, em que vem transfigurado de gingados e cores. Talvez, esse colorido seja a própria transcendência do boi, que no sertão, detêm-se acinzentado pelo castigo do sol, e quando vem contar seu fulô na cidade abastada, mostra-se rico e, igual faceiro. Rico com toda representação da cultura do povo do sertão, e faceiro pra causar o alarido das canções impregnadas na memória de todos os povos: “Tá caindo fulo, êh boi, tá cindo fulo...”.
Se falo de encontro, é porque se encontram também, mutuamente, as raízes dos sertanejos de Guimarães Rosa; as gravações profundas da cultura popular: no estalido do papel; na imensidão da página, na lonjura da criação. Tão seco é o sertão, tão grande a cidade e tão rica a criação dos que transitam entre esses mundos. Tal Boi desvairado de histórias a contar junto aos homens inacabados da cidade, tais os homens a recriarem infâncias de cantigas, das folias de reis, da catira, do congado, da extensão de suas memórias.
Elemento único pra descrever esses encontros é, talvez, a imensidão de nossa alegria e brincadeira. Porém, devemos nos deter a outro que é ainda mais importante, justamente, por se tratar de nossa atividade cultural permanente, que rege forças para um levante contra um mundo de injustiças e perver(c)idades. Esse elemento é o único que pode definir um estreito caminho que há entre o homem e o sertão; a criatividade e a morte; entre a cidade e a construção do homem que nela reside.
De qual elemento que falo? Do Infinito.















À luta, à voz!
Rogério Coelho

Nenhum comentário: