sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Sarau no Centro Cultural Ziláh Spósito


Alô Poetas,



Convocação à todos os poetas e loucos de palavras para o SARAU DO CENTRO CULTURAL ZILÁH SPÓSITO, que acontecerá no DIA 14 DE OUTUBRO ÀS 19hs. Há uma grande urgência de estabelecermos as redes de movimentos em BH. Vamos todos atravessar a cidade até o conj. Zilah Spósito não apenas para recitar, mas para dar uma grande iniciativa de construir parcerias. Hoje, são poucos os movimentos de poesia que acontecem com determinada regularidade, principalmente nas grandes periferias. Precisamos entender que podemos mais quando unimos os discurssos que partem da margem, do centro, de fora e de dentro.
Aos interessados, favor mandarem inscrições pelo e-mail: rogeryocoelho@gmail.com com o assunto "Inscrição Zilah".



À luta, À voz



Endereço do Zilah:



Centro Cultural Zilah Spósito. Rua Carnaúba, 286 - Conjunto Zilah Spósito - Jaqueline.

Telefone: (31) 3277-5498. Ônibus: 5534 (Conjunto Zilah Spósito)


quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Postagens dos poetas da Coletivoz

Jessé Duarte


Quem não viu vai vendo, e vem conferir de perto também.

Estaremos postando alguns poemas que estão sendo recitados no sarau, vou começar com um meu que falei lá essa quarta e logo à gente coloca mais. Espero que gostem.

Comentem.

O ultimo Domingo de Ana
Jessé Duarte

Manhã de um domingo qualquer, as pessoas caminham pelas ruas voltando da igreja e levando para casa o frango que reservaram na noite passada em uma venda que ainda vende frangos abatidos na hora. Abatida também é Ana, a vida para ela é complicada, 17 anos, mãe, desempregada, bolsa família atrasada, expulsa de casa pelo pai e sustentada pelo companheiro que por sua vez é sustentado pelo trafico, mas não é só Ana que vive essa realidade de abatedouro, são dezenas de moradores desse lugar.

Para Ana esse dia é diferente, sem saber o que lhe espera, como de costume nos domingos ela sai pelas ruas que começam largas e logo se estreitam e observa como se nunca tivesse observado em sua volta as portas trancadas ou quase sempre escoradas, carroças encostadas na beira de córregos a céu aberto, ausência de crianças nas ruas e com muito cuidado olha o boneco no ponto mais alto da vila, ele veste preto quanto algo esta para acontecer e dessa vez ele não esta nu, esta vestido de luto, sinal de perigo. Mas nada de anormal, tudo certo (para ela) como de costume.

Mesmo sabendo do perigo Ana continua seu percurso e senta-se à mesa de um bar, pede uma cerveja e tenta por um minuto pelo menos, esquecer da vida cotidiana, mas não consegue parar de pensar no que viu a alguns dias. pois sabe que tem coisas não deve-se ver. Nada a ver com cine Privê se o problema fosse esse, seria muito fácil de resolver.

De repente barulhos de tiros, correria para se esconder. Mas num instante todos correm para ver mais uma vida que se vai, em uma cadeira do bar da esquina do jeito que a pegaram Ana ficou. O dono do bar abaixou as portas, guardou todas as mesas e cadeiras deixando só a cadeira em que ela estava. A multidão se fez ao seu redor e às pessoas comentavam entre si:

- Ela ainda esta viva.
- Nossa! Foi um tiro na boca.

Enquanto isso ela continuava com sua cabeça pendurada na cadeira de plástico, com os olhos arregalados, respiração baixa e engasgando com o próprio sangue. Mas ninguém fez nada, ninguém a tocou e onde ela estava continuou, do jeito que estava ficou, do jeito que esperava engasgou. Porem não foi só ela, a mãe que estava de perto assistindo tudo amparada pelo filho mais novo, também engasgou em um choro mudo de dor ao ver filha morrer e não poder fazer nada.

Por que em um lugar chamado Vila da Paz, a paz é o que menos impera? E quanto a essa vida, ninguém faz nada a não ser assistir o seu fim? o que resta é isso então?

Sim. Nesse lugar a uma lei, diferente da lei do mundinho em que pessoas soltam balões brancos almejando a paz mundial, uma lei que é feita para quem esta disposta a viver com medo da paz. Pois a paz reina no dia seguinte até que novos disparos anunciem mais um dia de tranqüilidade, mais um dia de felicidade, mais um dia de vaidade para aqueles que não sabem de fato o que é a realidade.

Mulheres Emergentes

A voz é a da união!

Grande colaboração da ilustríssima poetiza Tânia Diniz que doou vários murais para a Coletivoz. Eles enchem, em todos os sentidos, o sarau de beleza. Já houve quem saiu do microfone para ler na parede. São obras primas, cada um é uma coletânia de dar gosto e uma montagem de uma sensibilidade gostosa, etérea, excitante... só vendo mesmo. ColetiVENHAM pra ver, é o muito atraente! Valeu Tânia.


Movimento Periferia Criativa - MPC

Salve coletivoz do Brasil

Estivemos, nesta terça-feira, na sede do MPC - Movimento periferia Criativa - Localizada no bairro Olaria, também Região do Barreiro. O MPC é um movimento que parte do Hip-Hop para outras ações como o basquete de rua, futsal e grandes festas levando o Rap de ambrosia. Mano Bill, uma das vozes á frete do movimento nos recebeu com grande carinho e humanidade; cercando de cuidados sem antes mesmo de saber quem éramos. uma iniciativa forte e de muita luta: "somos nós e nosso bolso", declara Bill. O Rap do grupo de Bill parece nascer da própria comunidade, dando voz à essência de um resgate cultural que ele aprendeu vivendo, tropeçando, sobrevivendo. É isso aí. Agente tem que encher a boca pra dizer: Grande Mano Guerreiro Bill. a luta é nossa também.

à luta, à voz.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Fotos

Leitura do Manifesto no Terças Poéticas

Leitura do Minifesto da Vóz Coletiva - Terças Poéticas

Abertura do Sarau

Abertura Leitura do Manifesto - Rogério Coelho

Cooperifa na Linha

Jessé Duarte

Ronildo de Animatéia

Mc. Kdu

De pai pra filho - Orgulho do Rogério - Lucas

Marcelo menino Tité

Marcelo Luiz

Karla Figueiroa

Sem Palavras

Afro - mando bem

Olha ai...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Abertura do Sarau da ColetivoZ

Declaramos aberto o Sarau da Coletivoz

Foi com a simplicidade do lugar, com a inspiração coletiva, com a voz das pessoas que vieram de longe, de perto, e, mais importante, DE DENTRO. A iniciação tímida da poesia que toma de assalto, que pega de surpresa, que manda o poeta sair de dentro ego.


Muito trabalho na divulgação – e-mails a mil, panfletos em-mãos, cartazes no lambe-lambe – e houve também muita correria pra tudo. Parabéns ao Jessé, Marcelo Luiz, Marcelo Menino, César Gomes, Kaká Figueirôa, Lucas de Pedro, MC Kdu, a Tânia Diniz que cedeu, gentilmente, seus trabalhos para exposição (ver fotos), ao Grande poeta e amigo Wilmar Silva, que deu espaço para o lançamento do projeto no Terças poéticas e todas as pessoas que contribuíram com seu apoio: a voz, de voz-em-voz. Pois, é assim que acontece: ploriferando, disseminando, conglomerando e estabelecendo. Valeu demais o alô do Grande parceiro Sérgio Vaz e a COOPERIFA que fizeram a humanidade do link ao vivo, por telefone, na hora dos saraus.


É como eu disse: sou apenas um cara aqui atrás destas palavras. Não represento nada sozinho. Neste momento sou mesmo um burocrata! Só acredito que podemos lutar se estivermos juntos! Assim, declaramos, todos juntos, a abertura do sarau. Somos multiplicadores do processo.


A transgressão, a impressão do poema no ar, o choro livre (teve isso, tá) toda essa gama de gritos gravados, gordos de gozo, fazem parte dessa massa cultural periférica. Não consigo acreditar, quando ouço coisas do tipo: “por que não fizeram o sarau aqui no centro?” ou “ é muito longe!”. Fico pensando que a globalização PERDEU, pois ela nos diz que o mundo é uma aldeia global, onde todos os lugares estão interligados. E este tipo de comentário nos mostra o contrário. Pessoas não podem se deslocar em direção à periferia (20 km do centro) por CONFORTO. Não há aldeia global. As pessoas estão cada vez mais voltadas para os centros hegemônicos do poder, direcionando suas atenções ao que está no “eixo cultural” de cada Cidade/Estado. E a informação é o grande fomento para a globalização: manipula, direciona e forma opinião. Opinião de que o que há de bom está nos grandes centros. Disse que a globalização perdeu, porém nós perdemos também, pois o povo não sabe que ela perdeu. Ele não tem vitória com essa perda. E é isso que buscamos, que o povo fale até ter consciência de que sua voz pode desestabilizar os discursos sólidos do poder. Tanto no poder da informação, quanto no poder de decisão temos condições de desestruturar.


Hoje, acredito que vencemos uma batalha. Foi lindo, ver meu filho com a coragem das lágrimas rimadas ao microfone; ver a revolta do Rap do Kdu; ver a vontade nascendo de cada um tirar um poeminha ali, na hora e falar. Foi mais do que isso. Só vendo mesmo pra conferir.
Grande abraço a todos,


À luta, à voz,
Rogério Coelho