Declaramos aberto o Sarau da Coletivoz
Foi com a simplicidade do lugar, com a inspiração coletiva, com a voz das pessoas que vieram de longe, de perto, e, mais importante, DE DENTRO. A iniciação tímida da poesia que toma de assalto, que pega de surpresa, que manda o poeta sair de dentro ego.
Muito trabalho na divulgação – e-mails a mil, panfletos em-mãos, cartazes no lambe-lambe – e houve também muita correria pra tudo. Parabéns ao Jessé, Marcelo Luiz, Marcelo Menino, César Gomes, Kaká Figueirôa, Lucas de Pedro, MC Kdu, a Tânia Diniz que cedeu, gentilmente, seus trabalhos para exposição (ver fotos), ao Grande poeta e amigo Wilmar Silva, que deu espaço para o lançamento do projeto no Terças poéticas e todas as pessoas que contribuíram com seu apoio: a voz, de voz-em-voz. Pois, é assim que acontece: ploriferando, disseminando, conglomerando e estabelecendo. Valeu demais o alô do Grande parceiro Sérgio Vaz e a COOPERIFA que fizeram a humanidade do link ao vivo, por telefone, na hora dos saraus.
É como eu disse: sou apenas um cara aqui atrás destas palavras. Não represento nada sozinho. Neste momento sou mesmo um burocrata! Só acredito que podemos lutar se estivermos juntos! Assim, declaramos, todos juntos, a abertura do sarau. Somos multiplicadores do processo.
A transgressão, a impressão do poema no ar, o choro livre (teve isso, tá) toda essa gama de gritos gravados, gordos de gozo, fazem parte dessa massa cultural periférica. Não consigo acreditar, quando ouço coisas do tipo: “por que não fizeram o sarau aqui no centro?” ou “ é muito longe!”. Fico pensando que a globalização PERDEU, pois ela nos diz que o mundo é uma aldeia global, onde todos os lugares estão interligados. E este tipo de comentário nos mostra o contrário. Pessoas não podem se deslocar em direção à periferia (20 km do centro) por CONFORTO. Não há aldeia global. As pessoas estão cada vez mais voltadas para os centros hegemônicos do poder, direcionando suas atenções ao que está no “eixo cultural” de cada Cidade/Estado. E a informação é o grande fomento para a globalização: manipula, direciona e forma opinião. Opinião de que o que há de bom está nos grandes centros. Disse que a globalização perdeu, porém nós perdemos também, pois o povo não sabe que ela perdeu. Ele não tem vitória com essa perda. E é isso que buscamos, que o povo fale até ter consciência de que sua voz pode desestabilizar os discursos sólidos do poder. Tanto no poder da informação, quanto no poder de decisão temos condições de desestruturar.
Hoje, acredito que vencemos uma batalha. Foi lindo, ver meu filho com a coragem das lágrimas rimadas ao microfone; ver a revolta do Rap do Kdu; ver a vontade nascendo de cada um tirar um poeminha ali, na hora e falar. Foi mais do que isso. Só vendo mesmo pra conferir.
Grande abraço a todos,
À luta, à voz,
Rogério Coelho